Por Ryann AlbuquerqueDo Blog da Folha 336nn
Em meio à antecipação dos debates eleitorais de 2026 na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a base governista tem endurecido o tom contra a oposição. A deputada Débora Almeida (PSDB), aliada da governadora Raquel Lyra (PSD), afirmou, em entrevista à Rádio Folha 96,7, nesta quinta-feira (12) que opositores adotam uma estratégia de protelação para projetos do Executivo estadual, enquanto aceleram matérias de interesse do grupo político ligado à antiga gestão.
Para a parlamentar, a diferença de tratamento revela falta de equilíbrio.
“O empréstimo, que é para conseguir recursos para obras estruturadoras para Pernambuco, está sendo protelado porque, dizem, precisa de mais informações. Mas as contas de seis anos de um governo estadual são apresentadas, distribuídas e discutidas na hora. Eu vejo ali dois pesos e duas medidas”, disparou Débora Almeida.
Leia maisA principal crítica da deputada foi à demora na tramitação do projeto que autoriza um novo empréstimo de R$ 1,5 bilhão solicitado pelo governo Raquel Lyra. Segundo ela, a proposta já está há 84 dias em análise na Alepe.
“Pela Constituição estadual e o Regimento, um projeto em regime de urgência deve ser decidido em 45 dias. Já amos quase 40 dias desse prazo”, afirmou.
A tucana atribui a lentidão a sucessivos pedidos de vista e solicitações de informações técnicas por parte da oposição, o que, para ela, tem protelado o trâmite.
Comparação
A deputada também comparou a situação com a agilidade na apreciação das contas do ex-governador Paulo Câmara (PSB), relativas aos anos de 2016 a 2022. Ela destacou que o processo, mesmo sendo “extremamente técnico” e contando com parecer do Tribunal de Contas recomendando aprovação com ressalvas, foi analisado de forma apressada.
“Foram distribuídas e discutidas no mesmo instante. Nem deu tempo de ler os pareceres”, criticou.
O posicionamento da deputada ocorre em um contexto de comparações entre a gestão estadual e a da Prefeitura do Recife, comandada por João Campos (PSB), possível adversário de Raquel Lyra em 2026.
Na sessão de terça-feira (10), a líder do governo na Alepe, Socorro Pimentel (União), já havia criticado a diferença nos percentuais de reajuste do piso da educação entre o Estado e o Município, o que acirrou ainda mais os embates no plenário.
Diante da demora na tramitação do projeto de empréstimo, Débora sugeriu que o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), poderia levá-lo diretamente ao plenário, mesmo sem os pareceres das comissões.
Ela citou a Constituição, nos artigos 21 e 22, que estabelece o prazo de 45 dias para projetos em regime de urgência.
“Qualquer deputado pode pedir que vá a plenário. Eu peço isso todos os dias. Essa proposta é muito importante para Pernambuco, para obras como o Arco Metropolitano e a BR-232. O presidente pode pautar na segunda-feira, independentemente dos pareceres”, defendeu.
Nos bastidores, integrantes da base governista observam uma aproximação crescente entre Álvaro Porto e João Campos. A troca de partido da governadora, que deixou o PSDB e ou a integrar o PSD, também é apontada como um fator que acentuou o distanciamento político entre ela e o presidente da Casa, hoje considerado um opositor declarado.
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